Praxes e outras porras que não têm nada a ver (aka Meco)

03:28


Olá a todos. Aviso desde já que este é mais um post sobre um assunto que já cheira pior que bosta de boi (leia-se: a praxe). E aquilo a que me vou referir aqui vai incluir um bocado do que se passou no Meco, embora (e é esta a ideia central deste post) o cu não tenha rigorosamente nada a ver com as calças.
Decidi presentear-vos com uma fotografia minha datada de 2010, o meu ano de caloira e, consequentemente (porque EU assim decidi), o ano em que fui praxada. Como podem ver, estava claramente num momento de submissão absoluta, tratada como um autêntico animal, num momento que marcará para sempre a minha existência, tal foi o grau de humilhação a que fui sujeita...
...ou então foi um dia em que me diverti à brava, em que me fantasiei da mesma forma que o resto das pessoas se fantasia no Carnaval sem que ninguém diga nada, foi um dia em que convivi com os meus colegas e em que fiz novos amigos.
Spoiler alert: foi a segunda opção.

O Meco não foi nada disso. Não foi praxe, como o que estava a acontecer na fotografia ali em cima. O Meco resumiu-se muito sucintamente a um bando de pessoas que acham que a praxe é o centro da vida deles e, como tal, vivem-na de tal forma que deixa de ser praxe para passar a ser simplesmente pura estupidez ao mais alto nível.
É que, sinceramente, QUEM é que no seu perfeito juízo vai para a porcaria da zona de rebentação das ondas, à NOITE, em pleno Inverno, sob "contexto de praxe", para aceitar ordens de um badameco qualquer que acha que é mais que os outros e que não se sabe impôr de outra forma?! Já acho pouco provável que um caloiro se sujeitasse a isso, quanto mais pessoas que já estavam na faculdade há pelo menos dois anos! É que, seriously, vocês podem dizer que não, boa? Quer seja o Dux, a Duxa, a Duquenesse, ou os Du's todos que queiram inventar.

Agora, o que me está a deixar com os nervos em franja é mesmo a insistência destas televisõezecas de armar uma conspiração anti-praxe, ao ponto de já se pôr em causa a possibilidade de aboli-la como na altura da crise estudantil. Então e vir a PIDE outra vez, não?
Caraças, eu implorava às minhas doutoras para me praxarem! Entrei em segunda fase, a altura de maior praxe já tinha acabado e eu tinha que lhes pedir pelo amor da santa para me praxarem porque queria viver isso, porque sou descontraída o suficiente para levar as coisas na boa e porque, graças a Diós, tenho cabecinha instruída para saber dizer que não caso me mandassem atirar da Ponte de Santa Clara! Vai tu, olha que porra!, era por certo o que eu respondia. E não me venham cá com a história do respeito ao traje, porque quem tem que o ter, sobretudo, é quem o veste. E um idiota de capa e batina, que se acha mais que os outros por estar assim vestido, e que tem a estúpida ideia de mandar alguém fazer algo que põe em risco a sua dignidade, saúde ou vida, não está de certezinha absoluta a respeitar o traje académico que veste. Portanto, se essas próprias pessoas não o respeitam, deixam de ter qualquer tipo de autoridade para exigir o respeito do caloiro, que é igualzinho a nós e que simplesmente entrou este ano para a instituição onde estudamos. Já para não falar da parte em que esses mesmos caloiros podem daqui a dois anos estar à nossa frente, porque chumbamos a 7 cadeiras por semestre e ficamos retidos no 2º ano eternamente.
Vejo em Coimbra muita parvoíce no que toca às praxes, portanto não me venham os estudantes de cá dizer que aqui é tudo muito lindo e bem feito só porque é a Universidade de Coimbra, porque, amigos, não é. Há idiotas aqui, como há idiotas em todo o lado. E perdoe-me quem pertence às privadas e aos institutos, mas a maioria das praxes estúpidas por acaso vem mesmo daí. No entanto, isso não invalida que existam pessoas com actividade cerebral a praxar como deve ser, bem como não invalida que existam otários na UC só porque (leia-se com sotaque irritante das tias de Cascais) ai m'Deus, é a 'niversida' d' Coimbra, tod's doutores, tod's bem formad's, tod's pessoas de bem, arquitêêêctos, mêêêdicos e engenheiros, UC sempre, professor-doutor, bla bla bla. Não, buddies, aqui também há asnos que estão para acabar o curso há coisa de 9 anos, mas que se acham os maiores porque têm não sei quantas matrículas a mais que os outros. E, atenção, assim como há asnos também há praxes idiotas feitas por asnos. Porque, a não ser que as pulsões sexuais da infância de que falava o Freud ainda não vos tenham passado, não sei que prazer retiram de ver um caloiro de 17 ou 18 anos a fingir que pina a estátua do Leão em plena Avenida da República. Mas pronto, isso já vai da frustração sexual de cada pessoa. Cabe aos ditos caloiros dizer «'Migo, de certeza que há dessas porras na Internet, mas a zoofilia é um distúrbio que eu não tenho, pelo que agradeço o convite, mas não. Porque, 'tás a ver, não tem lógica e não é praxe em terra nenhuma». E se os asnos (ou as asnas, que aqui em Coimbra por acaso até há mais asnas a achar que são más) se puserem aos berros aos vossos ouvidos porque "O CALOIRO ESTÁ A FALTAR AO RESPEITO AO DOUTOR?! QUER FICAR DE QUATRO?!", vocês limitam-se a dizer "não, não vou ficar de quatro, vou é buscar quatro cheeseburguers ali ao McDonald's e vou comê-los para casa sossegado da vida enquanto o 'xô dótôr' fica aqui aos gritos feito parvo e depois tem que andar a tomar mebocaína". E pronto, vão. Se tiverem que ser anti-praxe, são. Se quiserem faltar a uma praxe, faltem. Se forem incorrectos convosco na praxe, vão ao Conselho de Veteranos e, se fazem favor, apresentem queixa.

Tendo isto em conta, meus caros, é uma grandessíssima estupidez que se condenem todas as praxes só porque agora houve um grupo que decidiu ir para a beira-mar de noite com ondas de não sei quantos metros. Isso é estupidez. Praxe é outra coisa. É uma cena em que o pessoal se diverte, não é obrigado a porcaria nenhuma e faz tantas figuras tristes como no Carnaval. Posto isto, não vejo porque é que a TVI há-de contratar Psicólogos cujo curso lhes calhou nos cereais para dizer que o perfil de um praxista (leia-se "praxista" e não "puto do secundário que se quer armar em grande e decide fazer algo a que chama praxar", que é uma coisa que agora também há muito, não sei porquê) consiste em alguém que tem dificuldade em expressar sentimentos, que tem desejo de dominância, tendência para humilhação alheia e mais quantas porcarias sem jeiteira nenhuma. Eu, enquanto praxista, estou aqui a demonstrar os meus sentimentos para com essas coisas e os meus sentimentos dizem que querem mais é que vocês, Srs. Jornalistas e "Psicólogos", raspem o rabo no asfalto. Mas de livre vontade, não é em praxe. Porque em praxe ninguém manda ninguém raspar o rabo em lado nenhum, 'tá bem?

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1 comentários

  1. Sim, realmente já chateia andarem a falar disso todos os dias, mas o que é que podemos fazer, Jornais televisivos com 2h é normal que repitam sempre as mesmas coisas, encher chouriços... conseguem repetir a mesma noticia 3 dias seguidos se for preciso.
    Sobre os pseudo psicólogos da TVI, só digo uma coisa, TVI.
    E sim, concordo que o que aconteceu no Meco não foi praxe, foi mesmo estupidez, o pior é que essa estupidez causou perdas humanas e agora o moço anda com uma amnésia selectiva.
    Esqueceste-te de apresentar um argumento para recusar, "A minha irmã é veterana" :P

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