Continuação*

09:50


O velório foi ontem e devo dizer que, no meio de toda a tristeza, foi bonito. A missa de corpo presente é sempre complicada e foi sem dúvida alguma o que me custou mais. Quando fecharam o caixão desfiz-me em lágrimas, e ver a minha mãe a sofrer tanto também não ajudou muito. Mas felizmente o meu avô tinha a vontade de ser cremado (e digo felizmente porque isso evitou o choque visual de ver o caixão ser enterrado). Enterrámos as cinzas num cemitério onde as campas eram forradas a relva, parecia um jardim em vez de ser um local pesado que só lembra coisas tristes. Por cima das cinzas foi plantado um roseiral, e isso deixou-me mais descansada porque sinto que o meu avô não morreu de todo, que ainda está ali a nascer, a crescer, a dar vida através de uma planta. E isso é bonito.
Foi um dia difícil, mas ter o Gui e a minha família lá foi muito bom. Parte da minha família paterna foi lá fazer alguns quilómetros para prestar uma última homenagem ao meu avô materno e para dar apoio à minha mãe, coisa que ajudou bastante a acalmar o ambiente. Viu-se que a minha família de lá ficou genuinamente feliz com a presença dos meus familiares paternos e isso demonstrou um carinho muito grande da parte deles. E, claro, a presença do meu mais que tudo, do meu companheiro de horas boas e horas más, tornou tudo muito mais suportável. No meio da tristeza, também consegui reconhecer coisas muito boas de reter, como a solidariedade entre os dois lados da família, o apoio, o amor, o carinho.
E por falar em apoio e carinho, queria aproveitar para agradecer a todas as pessoas que tiraram cinco minutinhos do seu tempo para me dirigir algumas palavras de conforto. Acreditem, serviram mesmo para me confortar. Demonstraram preocupação, solidariedade, empatia e cuidado, e só tenho a agradecer por isso. 
Uma beijoca para todos.

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2 comentários

  1. Oh Ju eu não sabia :( desculpa, que raio de amiga que foste arranjar... Na altura em que mais precisavas eu não estava presente. Apesar de tudo, é nestas alturas que vemos as coisas como elas são. Não vemos a vida como um concurso que temos desesperadamente de ganhar. Não é uma competição para ver quem tem o melhor emprego, quem tem mais dinheiro. Não é sobre a crise ou sobre o que o último concorrente daquele reality show fez. Não é sobre as coisas materiais. É nestas alturas que sentimos realmente o que é a vida. É sobre termos quem fique connosco quando tudo mete medo, é sobre olharmos para o céu e ver que aquela pessoa está a sorrir para nós, é saber que a vida de alguém teve importância para nós e, mais do que tudo isso, saber que tivemos importância na vida dessa pessoa. Saber que a vida desse alguém foi um bocadinho melhor por nossa causa. E podes ter a certeza que a do teu avô foi. Tenho a certeza que o ajudaste muito em alturas que se calhar não foram tão fáceis, e que lhe deste ainda mais alegria nos momentos que, por si só, já seriam bons. Não fiques triste por ter acabado, fica contente por saber que, graças a ti e a essa tua família cheia de amor, a vida dele foi fantástica. É sobre isso que a vida devia ser todos os dias. Amor e sorrisos, felicidade.
    Espero que, apesar de tarde, esta minha mensagem possa ajudar-te um bocadinho que seja. Estou aqui para tudo.
    *Sara Couto

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    1. Não sejas tola, ninguém pode adivinhar e tu és uma grande companheira e amiga, nunca me deixas ficar mal e aqui está a prova. Para estas coisas, as palavras nunca vêm tarde, porque a dor permanece, ainda que menos aguda. E acredita que me soube muito bem ler isso. Foi um conforto :) Obrigada por tudo.
      Beijinhos!*

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