Leiam, que faz bem

20:02


Li isto no Facebook e não pude deixar de reflectir arduamente sobre o assunto. É que, infelizmente, aos 16 anos achamos sempre que estamos a viver a história das nossas vidas. Acho que nessa idade qualquer uma de nós rejeita estas grandes verdades, e fazemo-lo porque no fundo temos medo dele e da reacção dele. Temos medo de ficar sozinhas para sempre, ainda que isso seja ridículo. Temos medo de não voltarmos a ser felizes, mas a parte interessante e triste desta alínea é que nós nem sequer somos felizes com ele. Para quê ficar assim? Por que não mudar e tentar noutro lado?
Claro que nem todos os rapazes são assim. Sei que sou suspeita para falar, mas lembro-me perfeitamente do Gui aos 16 anos e ele não tinha nada a ver com isso, pelo contrário. Mas há muitos que preenchem os requisitos, incluindo o da violência psicológica e, estupidamente, é sempre para esses que nos viramos. O facto de não nos bater no sentido físico da palavra não significa que não nos bata de outra maneira. Bate-nos na alma, no nosso bem estar, na nossa alegria natural, na nossa maneira de ser, de viver, de pensar. E quando damos por nós estamos a viver como ele quer que vivamos, estamos a revoltar-nos contra os nossos pais que nos avisam, estamos a acabar amizades porque Sua Excelência não gosta, e estamos a deixar de ser nós mesmas, como gostamos de ser, como gostamos de viver. E isso é porque aos 16 anos todas temos tendência a achar que é para sempre. Não conhecemos mais nada e pomos na cabeça que também não precisamos. Mas infelizmente para os pais, a má notícia é que não vale a pena. As cabeçadas temos que ser nós a dá-las, e só percebemos quando dermos uma mesmo grande que nos faça lembrar que os nossos pais já nos avisaram em relação ao assunto e que afinal sempre tinham razão.
Quando tiver uma filha e ela atingir a idade da adolescência, sei que o mais provável é olhar para ela e rever-me a mim mesma. Tal como é provável que me olhe ao espelho e veja o reflexo da minha mãe. Será exactamente igual: ela vai chegar a casa a chorar, vai deixar de sair com os amigos, vai recusar ir de férias com a família porque ele não quer que ela vá, vai andar chateada com tudo e com todos sem perceber que era com ele que devia estar, vai passar a vida enfiada em casa dele, vai deixar de estar com os amigos dela para estar só com os dele...E eu vou irritar-me com o facto de ele a controlar, vou ter o coração apertado quando a ouvir chorar à noite, vou querer intervir quando os ouvir a discutir ao telefone, vou querer dar-lhe duas chapadas para ver se acorda quando ela for espezinhada e ainda andar a chorar atrás dele, vou querer dizer duas ou três ao rapazinho e mostrar-lhe que ela tem bem quem goste dela e a trate bem...Mas, tal como a minha mãe e muitas mães que por aí andam, sei que não vou poder. Primeiro, porque ela não me vai ouvir. E, mesmo que ouça, vai achar que tem o controlo da situação e, pior que tudo, vai achar o que todas achamos nessas alturas: "Ah, ele muda, é só agora que é assim". Eu vou saber perfeitamente que não muda coisa nenhuma, mas também vou saber que um dia esse tormento vai acabar, tanto para mim como para ela. Pessoas fortes também se deixam afogar de vez em quando, mas há sempre um dia em que se levantam. E sei perfeitamente que ela vai ser uma dessas pessoas. Afinal de contas, vai ser minha filha! :P

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2 comentários

  1. Adorei essa crónica do DN e também concordo com o que observaste! Muito bem dito!

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  2. O ser humano é um ser muito complicado... Aos 16 ainda somos umas "crianças" na vida, ainda temos muito pelo que passar, muito que viver :)

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