Primeiro ano*

06:01


 Jantámos juntos algures no início de Dezembro. Foi o nosso primeiro encontro a sério depois de uma série de anos sem nos vermos. Mas fazia todo o sentido estarmos juntos, e nem foi preciso muito. Ficou no ar o "temos que combinar um jantar um dia destes" e uma tarde voltaste a falar nisso. Eu disse-te que se quisesses podia ser em minha casa, eu tinha aprendido a cozinhar naqueles três anos e na noite anterior um amigo meu tinha-me ensinado uma receita nova. Fazia questão que provasses os meus cozinhados, tal como fazia questão de estar contigo, de te levar a um lugar que era meu, de te fazer entrar mais e mais na minha vida. E tu disseste que sim, podia ser na minha casa, ainda que nem sequer soubesses onde era ou como ias para lá. E eu não consegui ficar-me pelas incógnitas, pelos "se's", pelo "um dia destes", porque essa incógnita demorou tempo demais. Sabia que te queria. Sabia que pediria por ti quando visse uma estrela cadente. Sabia que a tua presença era mais que suficiente para melhorar o meu dia e até mesmo a minha vida. E por isso disse-te que por mim era mesmo naquela noite, com plena certeza de que era muito em cima da hora e que irias recusar. Felizmente estava perfeito para ti e às oito lá estavas tu na minha cozinha, a conversar comigo como se nada fosse. E tínhamos tanto para falar! Tanta coisa para contar e explicar um ao outro. Desculpas para pedir, pazes para fazer, coisas para decidir. Parecia tudo tão urgente para tão pouco tempo. Quanto duraria o jantar? Duas, três horas? Iam existir tantos silêncios estranhos, tantos momentos em que ficaríamos sem conversa...
...só que não. Conversámos a noite toda, sem parar um minuto. Até o acto de comer se tornou difícil, porque tínhamos tanta coisa para dizer. Às três da manhã ainda não nos tínhamos calado, ainda contávamos tantas coisas um ao outro, ainda queria tanto, mas tanto ter-te ali. Quem me dera ter sabido fazer as coisas da maneira certa, mas estava demasiado nervosa. Afinal de contas eras tu. Isso dá borboletas no estômago.
Mas o tempo passou. Não deixámos de conversar e até nos encontrámos algumas vezes por acaso. Tu, que nunca apanhavas o Expresso, perdeste o combóio e por isso mesmo fizemos uma viagem juntos, lado a lado. Daí aos convites para cafés e saídas foi um passo, e finalmente chegámos à tão esperada noite. 22 de Dezembro.
Confesso que nem sequer ia sair. Não tinha como ir e já estava de pijama, mas por sorte uma amiga minha, que nem sequer é de cá, disse-me que passava por minha casa para me ir buscar para saírmos juntas. Assim que cheguei à zona dos bares não resisti e mandei-te uma mensagem para saber se ias estar lá. Torcia mesmo para que estivesses. Respondeste que ias a caminho e que quando chegasses dizias qualquer coisa. Esperei ansiosamente por isso. Só queria estar contigo, nem que fossem cinco minutos. Só estar contigo.
E lá apareceu a mensagem no meu telemóvel a dizer que tinhas chegado. Disseste-me onde estavas e pediste-me que esperasse um bocadinho por ti. Esperei, mas se há característica que sempre tiveste é a queda para os atrasos! Mas lá vieste, e juro que ainda me lembro de sentir a cara a ficar quente quando te vi dobrar a esquina na minha direcção.
Peguei contigo a noite toda, recordo-me perfeitamente. Tu ficavas sempre todo envergonhado porque eu fazia questão disso e achava graça. Já era óbvio o que se estava a passar e por aquela altura já toda a gente tinha percebido o clima. Até mesmo nós os dois, pelo que não foi preciso explicar a ninguém (nem um ao outro) o porquê de termos combinado conversar no final da noite.
E assim foi. Fui ter contigo como combinado e falámos do que tínhamos a falar. Desta vez sem rodeios nem conversas de circunstância. Eu disse-te que gostava de ti, que gostava mesmo a sério, que era uma coisa que eu queria levar para a frente. Tu não sabias se eu falava a sério, mas não demorou muito para perceberes que sim. Ainda não tinhas acabado de me dizer que achavas que eu te ia magoar e já estavas de mão dada comigo.
O beijo surgiu nessa mesma noite. Acho que ambos andámos tempos e tempos a pensar como seria quando voltássemos a estar juntos dessa forma, tal como ambos sentimos que parecia que tínhamos estado parados no tempo desde a última vez que os nossos lábios se tinham tocado. Era como se nunca tivesse parado de beijá-los.
E foi então na noite de 22 de Dezembro que começámos a namorar. 


Já lá vai um ano ao teu lado. Nem sempre fácil, confesso! Mas sem dúvida alguma o melhor ano da minha vida. Agradeço-te a companhia, o carinho, o amor, a paciência, o cuidado, a vontade, o esforço. Espero que este ano ao meu lado tenha sido tão prazeroso, único e especial para ti como te garanto que foi para mim.
E só não digo "espero que seja para sempre", porque já sei que é!

Amo-te!


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2 comentários

  1. E tudo começou nessa noite :)
    Muitas felicidades para ambos os dois :)

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Obrigada pelo teu comentário!