Não há relações perfeitas, mas há as que são tão perfeitas quanto é humanamente possível
15:39
Quando duas pessoas decidem juntar os trapinhos, é tudo muito lindo. Há borboletas no ar, música nos ouvidos, flutuamos em vez de andar, há festinhas e miminhos, tudo chora, tudo canta, tudo brilha. O problema é que nem sempre permanece assim.
Numa relação, nem tudo é bom. São duas pessoas diferentes, duas personalidades diferentes, duas maneiras de viver diferentes. Ainda que se amem muito, existem diferenças que no início mal se notam, mas com o passar do tempo e com a convivência vão sendo cada vez mais evidentes.
Quando eu e o Gui começámos a namorar, parecia a coisa mais certa do mundo. Automaticamente, tudo à minha volta estava bem, ainda que chovesse a potes, que as criancinhas em África continuassem a passar fome, que tivesse tido má nota num exame...não importava. O facto de o ter comigo e de parecer que tudo encaixava perfeitamente atenuava tudo o que existia para além dele e do que éramos juntos.
Gostávamos das mesmas coisas, e o que nunca tínhamos conhecido, fazíamos agora esforço para conhecer só porque o outro gostava. Mal tínhamos dinheiro no bolso, mas isso pouco nos importava. Despejávamos cereais para uma taça, enchíamos um copo com Coca-Cola e ficávamos a ver um filme qualquer pelo computador. A nossa cama era pequena, mas para nós servia bem. Pouco nos importavam festas de anos, saídas à noite ou qualquer outra coisa. Só queríamos o nosso cobertor quentinho, a nossa meia-luz no quarto, um filme engraçado e os braços aconchegantes um do outro.
Lindo, não é? Eu sei. Tudo servia bem porque tínhamos três meses de namoro e nunca tínhamos sido tão felizes. Mas depois, como já disse, o tempo foi passando e os problemas chegando. Antigamente gostava de ficar a vê-lo jogar Playstation, mas agora já me irritava o tempo que ele passava a fazer isso. Ele gramava com musicais e comédias porque eu gostava, mas de repente só lhe apetecia ver filmes de super heróis. Não havia dinheiro, e as discussões começaram por causa disso. A bagagem que trazíamos também não ajudou. Acredito que, se a nossa relação fosse feita só de nós, só eu e ele, tudo estava perfeito. Mas nunca é assim. Cada um de nós tinha família, tinha amigos, e as adaptações não foram sempre boas. Então começaram os problemas um com o outro, originados por acções ou comentários de terceiros, que se achavam no direito de decidir ou comandar uma coisa que em nada lhes diz respeito. Ainda continua a ser assim, mas isso são histórias para outros carnavais.
Enfim, deixou de ser tudo um mar de rosas. Quando fomos morar juntos, ainda menos. Especialmente quando eu estava a cair de sono e ele decidia que era hora de ficar a jogar playstation até às três da manhã ligado ao Skype e a conversar com um amigo. Ou quando ele tinha que se levantar cedo no dia seguinte e eu passava a noite com uma crise de tosse. Ou quando eu tinha acabado de arrumar a cozinha e ele já tinha deixado cair migalhas no chão.
Isto para dizer que não existem relações perfeitas. Quando começámos a namorar, achei que sim, que existiam. Que não íamos discutir, que eu ia adorar a família dele, que ele ia dar-se tremendamente bem com os meus amigos, que estávamos rodeados de gente a fazer figas para tudo dar certo entre nós e que as pessoas que nos sorriam gostavam genuinamente de nós. Com o tempo, vim a perceber que, lá está, nem tudo é um mar de rosas.
Mas no meio de tudo, o segredo está em não desistir. Ainda que existam discussões, problemas, intervenções de terceiros, pessoas a opinar ou a pressionar, os nossos dias acabam sempre da mesma forma: connosco enroscadinhos debaixo dos lençóis, a fazer conchinha, e com um beijinho de boa noite. E é nesses momentos que tenho plena certeza que, ainda que não seja tudo perfeito, é a melhor coisa que me aconteceu.
17 comentários
Não existem casamentos perfeitos, nunca houve. Para o levar até ao fim é também necessário saber engolir sapos. ;)
ResponderEliminarAdorei cada palavra! Não estou nem perto de dar esse passo de viver com o meu namorado (mais quatro anos de universidade não permitem isso) mas sei que é um passo que quero dar logo que me seja possível. E tenho a certeza que no inicio será um mar de rosas, tudo lindo e pseudo-perfeito mas que depois vão passar a vir os problemas normais de casais... mas é aí que está a piada, não é? Nesses pequenos altos e baixos que a relação vai tendo... sem isso, não teria metade da piada :b
ResponderEliminarGostei da forma honesta com abordas o assunto. Ninguém tem problema algum em admitir o pontos fortes da suas relações mas parece que quando chega a altura de reconhecer os pontos fracos ficam de pé atrás.
ResponderEliminarMesmo que se namore por mt tempo, viver junto ou juntar os trapinhos é completamente diferente e é realmente um obstáculo à relação. É preciso evoluir como casal :)
ResponderEliminarQuando se vive com alguém ou se aprende ou nao resulta , eu bem sei !
ResponderEliminarR: a minha irma é stressada tudo o q nao faz parte do plano , a stressa , também a compreendo . Mas pronto , foi parva
Há que haver equilíbrio numa relação e sabermos ver ambas as partes :)
ResponderEliminarhttp://retromaggie.blogspot.pt/
Não precisa de ser perfeito, só precisa de nos fazer feliz :) sempre ouvi dizer isto, e é bem verdade. Acho que todos passamos por isso, pela primeira fase em que tudo é maravilhoso, e depois começam as discussões, as adaptações de personalidade que muitas vezes são difíceis ou o desconforto e distância que pode haver por problemas com terceiros. Mas é mesmo isso que uma relação é: é adaptarem-se um ao outro, respeitarem-se e superar todas as pequenas ou grandes discussões em conjunto :) só os casais que ultrapassam estas coisas e trabalham diariamente para o bem-estar da relação é que se amam de verdade :)
ResponderEliminarr: se ele insiste devias ir mesmo correr com ele ;) o meu namorado também insistiu comigo, e apesar de na altura não me apetecer nada, odiar correr, sabia que me faria bem e agora olha, sou quase tão viciada nisso como ele eheh
É isso mesmo :) Não há relações perfeitas e o truque é aprendermos a lidar com o outro, a saber ceder e claro muiiiito amor :)
ResponderEliminarBeijinho*
É mesmo assim, tudo se resolve, é preciso é querer e gostar :)
ResponderEliminarbem verdade, só custa quando 1 desiste...
ResponderEliminargostei muito do que escreves-te, as maiores felicidades :D
Pois é, é por estas e por outras que eu e meu marido estamos a 6 anos juntos. E que venham mais 6, mais 6....
ResponderEliminarBeijo, Van - Blog do Balaio
balaiodelivros.blogspot.com.br
tens toda a razão, mas a verdade é que se tudo fosse perfeito alguma coisa estava errada!
ResponderEliminarBjxxx
tens toda a razão!
ResponderEliminarBjxxx
Gostei mesmo muito deste teu texto. Tudo que aqui escreveste é a mais pura das verdades. Não vale a pena pintar um "quadro" perfeito que não existe. Quanto mais honestos e sinceros formos uns com os outros melhor e mais fácil a vida se torna.
ResponderEliminarComo se costuma dizer, vozes de burro nao chegam ao céu, deixai essas pessoas que fazem comentarios inapropriados falar, o importante é voces estarem felizes um com o outro :)
ResponderEliminarNamoro há um ano e meio, moro com o meu namorado há quase 5 meses e estou noiva há dois meses. Posso dizer que achei que a fase do começar a morar junta ia ser uma "complicação", principalmente, por ser reservada e gostar de estar no meu cantinho, mas afinal...tem corrido tudo muito bem e não custou como imaginava.
ResponderEliminarMas é mesmo assim, não há relações perfeittas e o amor vê-se aí mesmo. Na nossa capacidade de ultrapassar os obstáculos para estarmos com quem gostamos. Isso é amor! :)
Um beijinho *
http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/
Não vivo com o Ricardo e, mesmo que ele já tenha a idade do teu moço, não me vejo a viver com ele tão cedo :p
ResponderEliminarNo entanto, é como dizes. Também já tivemos os nossos problemas, principalmente porque somos bastante diferentes em termos de ambições, mas agora estamos a passar por uma fase mais calminha - e atenção que nunca estivemos chateados um com o outro mais de meia hora! Se há amor, há vontade. Se há vontade, há soluções. :)
Obrigada pelo teu comentário!