Quando formos, que seja os dois. Que seja no mesmo dia, ou na mesma semana, para que o desespero de não nos termos mais não dure demasiado tempo. Reduzam-nos a cinzas, misturem-nos no mesmo pote, para que não haja um segundo em que nós dois não sejamos um.

Quando formos, haveremos de ir um com o outro, porque o vazio que se instala quando não estamos juntos é demasiado para que o possamos suportar, e se já não sabemos dormir sem o aconchego que damos um ao outro, se todos os dias que não estamos juntos corremos ao nosso encontro, nada fará mais sentido que permanecermos aninhados pelo sempre.

Quando formos, que chorem menos, não tenham pena. Festejem a nossa alegria de estarmos reunidos em qualquer circunstância, agradeçam por nada nos separar, por não termos tido que viver longe um do outro, como se tivéssemos chegado a um cruzamento e não soubéssemos mais para onde ir, por não termos a única estrela que nos guia.

Quando formos, que seja juntos, e assim nos deixem permanecer, misturados um no outro, porque a minha pele só conhece a tua, a minha vontade só sabe o teu nome, porque o único sítio onde é suposto estarmos é nos braços um do outro. E que vamos assim para o que é eterno, juntos, de braço dado e entrelaçados, para que nenhum de nós precise mais de ter frio, ou medo, ou dor. Que partamos em alegria, porque o amor é isso mesmo, e que seja na mesma altura, já que o mais natural é que um coração não saiba bater sem ouvir o som das batidas do outro.