Noite

23:58


Já perdi a conta ao tempo que passou desde a minha última saída à noite. Jeez, ao tempo que não saio! Mas, atenção, não pensem desde já que este vai ser um post de queixas sobre isso, porque não vai. A decisão de deixar de sair foi minha, completamente minha.
Ou melhor, nem sei se posso chamar a isso uma decisão propriamente dita. Não é como se um dia tivesse apontado na agenda que, a partir dali, não mais ia entrar num bar (nem tinha como, agora com os concertos). Mas a verdade é que, gradualmente, deixei de ter vontade de o fazer.

Antigamente tinha, é um facto (digo "antigamente" como se tivesse 70 anos). Não foi um "antigamente" muito longínquo, dados os meus verdes-e-ainda-não-feitos 22 anos. Acho que se devia à idade (lá estou eu a falar como se fosse uma velha, desculpem, tenho uma alma algo idosa), ao facto de ainda não conhecer nada mais interessante para fazer a um sábado à noite do que ir para a boátxi abanar a cachola. Depois (um depois muito recente, note-se), descobri que não acho piada nenhuma ao frenesim de olhares e tentativas de apalpanço que existem nos bares nocturnos. Percebi que não gosto da forma como uns pacóvios no balcão olham para mim só porque estou a dançar no meu canto sem chatear ninguém, dei-me conta que o degredo impregna-se demasiado naqueles espaços e que há outras formas mais inteligentes de aproveitar o tempo, sem termos necessariamente que levar com fumo em excesso, ruído em excesso e azeitolas em excesso.

Trabalhar num bar também não ajudou muito à festa, até porque foi das piores experiências que tive. A noite é um mundo demasiado podre para mim. Sempre achei que trabalhar como barmaid ia ser agradável, dado o ambiente jovem, mas é uma porcaria se forem raparigas que não gostam de ir com o mamaçal a sair do top, se não gostarem de se pavonear numa pista de dança como se strippers fossem, e se não tiverem muita paciência para aturar montes de esterco com a mania que são pintas a comentar o tamanho do vosso soutien com o atrasado mental que os acompanha. Posto isto, odiei e vim-me embora o mais depressa que pude. 
E o pior é que foi nisto que a noite se tornou. Pele nua, provocação insana. Com que finalidade? Já para não falar na péssima qualidade das músicas que passam nesses espaços. Cada vez aparecem mais pseudo-artistas a lançar singles que antigamente eram vistos como bimbalhice e pimbalhada, mas agora são altes sons, puts! A minha alma musical não me permite, amigos. Simplesmente não me permite.

Posto isto, não sei dizer ao certo quando foi a última vez que saí à noite e não estou minimamente chateada com isso. Gosto imenso de ir jantar fora com a minha mãe, de ir ao cinema com o Gui, ou de ficar em casa com ele a comer pizza e a devorar filmes e séries. São, normalmente, estes os meus serões de sábado à noite. Ou isso, ou a dar concertos, coisa que é muito gratificante também. Canto o que gosto, faço o que gosto, junto às pessoas de quem gosto. What else?

Ainda assim, adoro as noites de Verão. Não as que são passadas encafunhada num bar, atenção! Refiro-me mesmo àquelas em que estamos confortavelmente sentados numa esplanada em plena noite, a temperatura amena, aptos a conversar, a rir, a beber uns copos sem termos necessariamente que ver uma francesa a roçar-se num surfista com pouco mais para além de cinza no cérebro. E estou ansiosa por essas noites, essas esplanadas, essas sandálias rasas e blusas frescas!

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2 comentários

  1. Eu também não tenho esse habito (nem sair, nem beber), saiu de vez em quando, quando o pessoal combina um Geocaching à noite, ou um joguito de snooker, ou claro, um concerto dos Pink Noise (:P) e pouco mais. :)

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