Coisas da vida e da morte

01:40

Faleceu hoje uma rapariga da minha terra, vítima de cancro. Não sei ao certo que idade ela tinha, mas ainda era muito nova. Acho que se é sempre demasiado novo para morrer, porque a morte não se deseja a ninguém, a não ser quando é a libertação de uma condição infeliz.
E, bem, acho que se podia dizer que ao menos agora ela está em paz, que se acabou a dor causada pelo cancro, blá blá blá. A questão é que, se forem ao Facebook dela (que ainda está activo), conseguem ver que ela era genuinamente feliz. Com ou sem doença, o sorriso estava sempre lá. Numa das fotos do marido, escreveu que o amor que sentia por ele era tão grande, que por ele iria vencer todas as batalhas para poder passar muitos momentos com ele.
E agora está morta. Não venceu a batalha. Está em paz, dizem alguns, mas eu cá acho que a paz dela era aqui na Terra, junto das pessoas que ela tanto amava e que claramente gostavam imenso dela. Tenho pena que coisas destas aconteçam, e sei que a vida é mesmo assim, mas não deixa de ser triste. É penoso, até para quem não a conhecia, como é o meu caso. Lembro-me de a ver nos cafés durante o Verão, já há uns anos, sempre com lenços coloridos na cabeça, muito bonita, apesar de claramente doente. Mas feliz, era o que mais se notava.
Só que, de repente, o cancro ceifou-lhe a vida. A vida de alguém tão jovem, com uma vida cheia de amor e com tanto para viver. Não consigo sequer conceber na minha cabeça o que é sentir a dor daquele rapaz, dos pais dela, do irmão (esse sim, eu conheço), de toda a gente que gostava dela. Imaginei logo como seria se me acontecesse a mim e sei que a minha família ficava de rastos com isso, que a minha mãe se ia completamente abaixo, que os meus irmãos não iam parar de chorar, que o meu pai ficava desolado e que o Gui, o meu amado Gui, provavelmente ia a seguir. Percebo isso porque também não consigo imaginar a minha vida sem ele ou encontrar um motivo para encontrar a força necessária para seguir sem ele, caso isso tivesse acontecido connosco. 
E é por ter essa empatia que fiquei especialmente afectada com esta notícia e só consigo desejar que quem cá ficou encontre uma luzinha ao fundo do túnel e força nalgum lugar para poderem continuar sem ela. Custa-me mesmo estar a escrever isto, arrepio-me toda.


Lê também

4 comentários

  1. Realmente muito triste e infelizmente inevitável... coisas da vida...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Bem se costuma dizer que só para a morte não há solução...

      Eliminar
  2. Gostei muito da tua reflexão sobre este assunto... uma rapariga que esteve comigo durante a licenciatura teve um linfoma mas conseguiu vencê-lo e hoje é uma das pessoas que mais felizes que eu conheço... já o namorado de uma amiga minha (nem sei se ainda será justo chamá-lo assim) não resistiu à reincidência de uma leucemia e morreu. É muito, muito doloroso para quem fica... a sensação de impotência é deveras ampliada.

    beijo

    ResponderEliminar

Obrigada pelo teu comentário!